Obvio que engravidar aos 17 anos não é nada fácil. Alias, engravidar não é nada fácil, não importa a forma.
Começando por todas as
mudanças hormonais que ocorre em nosso corpo, as alterações físicas e psicológica.
Depois por conta de todas as preocupações que se iniciam ao descobrir que você
está gerando um ser!
Obvio que alguns
fatores dificultam ou facilitam todo o processo gestacional, a idade, o
companheiro, a família, a cultura, etc.
Mas o que é ser mãe
solteira? Alias o que é ser mãe adolescente E solteira?
Vou dividir esse texto
em duas partes, se não irá ficar muito longo.
Então vamos com a
primeira parte: vou falar um pouquinho primeiro da gravidez da adolescência:
Engravidar em tenra
idade não é nada fácil, primeiro porque seu corpo não está preparado para
receber um outro ser ainda, ele ainda está em desenvolvimento. Aí eu escuto,
mas minha bisavó teve minha avó com 14 anos, me desculpa a grosseria, mas isso
não entra em questão, eram outros tempos, se você não sabe nosso corpo se
adapta a determinadas situações, e não, atualmente o corpo de uma menina de 14
anos não está preparado para receber em seu ventre um feto!
Além de todas as
complicações físicas que os eu corpo sofre, existe a questão emocional da
própria adolescente.
Eu engravidei aos 16
anos, e tive a Mariane aos 17. Eu tive milhares de complicações durante toda a
gestação, por conta da idade? Não tanto, mas por conta do emocional, além de
estar grávida com 16 anos o pai da minha filha rompeu o relacionamento de 3
anos no inicio da minha gestação. Se uma adolescente já entre em crise quando
rompe seu namoro, imaginem uma adolescente GRÁVIDA?! Perrengue? Isso foi só o
começo...
Eu não tive líquido amniótico
durante a gestação, fiquei internada praticamente a gestação toda sentindo
muita dor, e mesmo com todo o sacrifício eu sabia que podia perder o bebê ou
que ele poderia nascer com alguma deformidade por conta da falta do líquido. Aí
você imagina o emocional:
Gravidez
à
término de namoro à complicações na gestação
É não foi fácil, as
críticas que eu ouvi dentro e fora do hospital por ter engravidado na minha
idade foram inúmeras, dentro da escola, na minha própria família por parentes
mais distantes, com os amigos, enfim.
Eu tinha diversos medos
e eles variam de:
- não quero perder meu
bebê;
- como vou terminar a
escola;
- como vou sustentar
uma criança;
- como vou fazer
faculdade;
- como vou poder
aproveitar a minha vida;
- como vou educar uma
criança sem o pai; etc
Eram inúmeros e não
preciso relatar todos eles aqui, mas eles me acompanharam por muito tempo.
Quando a Nanne nasceu a
minha maturidade aflorou imediatamente, eu me senti capaz de praticamente tudo,
mas mesmo assim alguns medos me acompanhavam ainda, porém eu entendi que não
podia deixa-los me parar, pelo contrário eu tinha que ser capaz de supera-los,
não por mim, mas por ela.
Terminar o colégio foi
o primeiro passo. Se é fácil, NÃO! Porém deixar de estudar é o maior erro de
todos, você tem uma criança agora, precisa mais do que tudo de qualificação
para entrar no mercado de trabalho e sustenta-la.
Deixar seus sonhos de
lado é o segundo passo. Infelizmente muitos dos seus sonhos de adolescente vão
ser deixados de lado, pois agora você não é mais a prioridade. Outros sonhos
serão substituídos, e novos sonhos serão criados.
Encarar a realidade é
fundamental! Ok, você teve um bebê, isso te faz uma prostituta? Não! Isso te
faz alguém menos capacitado? Não! Acabou coma sua vida? Não!!! Então não dê
ouvidos as críticas infundadas que te fazem! Foi errado, sim, não vamos ser hipócritas
em dizer que não, porém vamos ser realistas que já aconteceu e pensar no que
pode ser feito de melhor a partir de agora! Se lamentar, se auto punir, se
auto depreciar não vai ajudar em nada!
Eu não parei de
estudar, terminei o colegial aos trancos e barrancos porque a Nanne era
prematura e precisava de cuidados especiais 24 horas! Eu pude contar com a
minha mãe para me ajudar, porém essa ajuda foi muito difícil, pois minha mãe até
hoje entende a minha gravidez como uma traição a ela! Mas o que eu podia fazer
se eu não tinha mais ninguém? Nem com o pai da criança eu podia contar. Eu
tinha que me calar frente às reclamações e insultos dela e agradecer pelo amor
dela pela minha filha, mesmo ela não aceitando a forma que a minha filha veio
ao mundo.
Corri atrás da minha
faculdade, meus pais não possuíam rendimentos para me ajudar a pagar, o jeito
foi correr atrás de emprego e tentar bolsa de estudos. Só eu e Deus sabemos o
que eu passei para terminar essa faculdade, só Ele sabe o quanto tive que
batalhar para pagar e principalmente para estudar! Eu não tinha apenas que me
preocupar em estudar e passar nas provas, eu tinha que me preocupar em
trabalhar o suficiente para pagar minha faculdade, me sustentar durante o tempo
que estava fora de casa, me locomover de casa até o trabalho e depois para a
faculdade, e da faculdade até em casa novamente! Quantas e quantas vezes eu não
voltei andando boa parte do caminho do Mackenzie até a minha casa (de ônibus eu
demorava cerca de 2 horas, não, não era nada perto). Por causa disso eu
desisti? Não! Pelo contrário, me esforçava cada dia mais para que tudo isso
pudesse melhorar!
Se da vontade de jogar
tudo para o alto? Obvio, quantas e quantas vezes eu desabava de chorar por
conta das dificuldades, por conta dos insultos e brigas com a minha mãe, por
conta da ausência na vida da minha filha, por conta de tudo que tive que abrir
mão por ela... perdi as contas de quantas vezes indaguei a Deus porque estava
passando por aquilo...
Enfim, ser mãe
adolescente não é fácil, porém não pode ser visto como um crime, um pecado, um
final! Você está gerando um ser para ter uma nova vida, o caminho que você irá
percorrer será cheio de obstáculos e dificuldades, mas só você pode escolher a
melhor forma de caminhar.
Eu errei muito durante
toda minha vida, tenho a plena consciência que errei muito mais que acertei. As
condições que tive não foram das piores, mas também não foram as melhores,
muita coisa poderia ter sido diferente? Sim, mas não foi! Hoje eu sou formada
em Direito em uma das melhores instituições de ensino do país, meu trajeto foi mais tortuoso e difícil por conta da gravidez, sim, mas não me
impediu de chegar ao meu objetivo.
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