Apresentação Colaboradora - Lissa Hashimoto
Meu nome é Lissa Cristina, tenho 25
anos, sou formada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, sou
esposa e mãe da Mariane Yumi (Nanne). Fui jovem mãe aos 17 anos. A minha
história no começo, como tantas outras, parecia um drama, muitos obstáculos
tiveram que ser superados ao longo desses oitos anos. Tenho certeza que na
maioria dos meus desesperos se eu tivesse alguém para me ajudar, alguém que
pudesse me espelhar ou ao menos esclarecer minhas dúvidas tudo teria sito mais
fácil, mais ameno, então por isso aceitei o convite da Camila para compartilhar
as minhas experiências com vocês.
Comecinho da minha
história
Eu namorava com o pai da minha filha
há três anos quando descobri que estava grávida, eu estava com 16 anos e ele
prestes a fazer 19. Estávamos indo para a aula de inglês quando pedi para que
parasse em uma farmácia, pois minha menstruação estava atrasada alguns dias.
Fizemos o teste dentro da escola de inglês, e sim, deu positivo.
O desespero bateu imediatamente. No
dia seguinte eu decidi contar primeiro para minha professora de Literatura, a
pessoa na qual eu possuía mais afinidade, ela me acalmou e pediu para que
contasse aos meus pais.
A minha relação com a minha mãe
sempre foi muito complicada, nunca tivemos uma relação de amizade, não tinha o
hábito de contar nada pra ela, raramente conversávamos. Não havia contado para
minha mãe que tinha perdido a virgindade, pois ela nunca ia aceitar, e
consequentemente não tomava anticoncepcionais.
Eu estava com muito medo de falar,
então pedi para uma amiga da minha mãe e para uma amiga minha me acompanharem
no dia que eu fosse conversar com ela, não resolveu muita coisa. Ela ficou
muito furiosa, me levou para fazer o exame de sangue (e obvio deu positivo),
chegamos em casa e ela me fez contar para o meu pai. Para minha mãe minha
gravidez foi uma traição (à ela), ela rotula como uma apunhalada em suas
costas. O meu pai, surpreendente foi muito mais calmo, e aceitou a situação
muito mais fácil.
As famílias conversaram e decidiram
marcar casamento e montar uma casa, mas todo esse planejamento foi pelos ares
em algumas semanas. Tivemos desentendimentos, que não vem ao caso, e ele e toda
sua família simplesmente desapareceu.
Eu passei a ter complicações, e não
produzia Líquido amniótico (gestação oligoâmnio) passando praticamente a
gestação inteira internada. Nem o pai da minha filha, nem a sua família me
procurou durante a gestação, não tivemos nenhum contato, porém minha relação
com a minha mãe melhorou um pouco, ela e toda minha família se manteve ao meu
lado, deixando as diferenças de lado e isso nos uniu como nunca havíamos estado
antes. Eu não podia frequentar a escola, então fazia trabalhos nos hospitais
para compensar.
Eu não aguentava mais ver hospital,
até que um dia pedi para minha mãe me levar para casa. Ela foi conversar com a
médica, que me liberou, porém no caminho de volta para casa senti fortes dores,
minha mãe simplesmente desviou o caminho de casa e me levou a outro hospital
(que estava no caminho).
Chegando no hospital, fiz um ultrassom
na emergência, eu lembro do médico chamar uma enfermeira que pediu que eu a
acompanhasse (eu pensando que ia fazer um novo exame), eu estava na verdade
sendo levada para sala de parto. A Mariane havia chutado a placenta, e por não
conter Líquido amniótico a placenta se rompeu e estava a sufocando. A minha mãe
queria acompanhar o parto, porém não deu tempo, durou certa de 5 minutos todo o
procedimento.
A Mariane nasceu prematura, e ficou
internada por um tempo, essa época foi muito difícil, pois eram idas e vindas
do hospital várias vezes ao dia para retirar leite, cada dia era penoso, porém
era uma vitória. Depois de um período da UTI neonatal ela pode ir para casa.
Muitas coisas aconteceram durante
esses oito anos, e eu vou contando as histórias para vocês aos poucos. Mas
resumido, hoje a Nanne é uma criança linda, normal, saudável e muito esperta,
não possuí nenhuma sequela por conta do nascimento prematuro ou da gestação
oligoâmnio, ela não possuí um contato assíduo com a família paterna biológica, às
vezes algumas ligações esporádicas, mas isso eu conto outro dia.
Hoje revendo esse período da minha vida eu vejo o quanto é importante o
acompanhamento familiar durante o crescimento dos filhos, um canal aberto para
conversas, menos PREconceitos. Temos sim que educarmos nossos filhos a partir
dos nossos valores, porém
devemos nos atentar que algumas coisas mudam com os tempos, falar é bom mas
escutar é essencial. Muitas coisas podem ser evitadas, muitas coisas podem ser
amenizadas quando se tem os seus pais como seus amigos.
Comentários
Postar um comentário
Obrigada pela visita!